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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Sobre a questão do gênero

Pensar sobre a questão do gênero vai além da dicotomia masculino e feminino, vai além do ser homem e ser mulher.
Porque afinal, o que define o homem e o que define a mulher como seres distintos?
A resposta imediata parace simples se analisada no âmbito biológico: homem possui um pênis e mulher possui uma vagina (isso focando nas diferenças mais aparentes, que obviamente não se limitam aí).
Não haveria problema nessa classificação se focarmos apenas o campo da biologia, mas isso envolve também aspectos culturais e psicológicos de aceitação de sua própria sexualidade.
Por exemplo, existem pessoas que nascem com um pênis mas não se enquadram na categoria "homem". Desta forma, esta pessoa, se tiver condições e for de seu desejo, passa por uma transformação corporal para se adequar ao sexo oposto.
Mas existem também aqueles que, mesmo nessa situação de se ver num corpo do sexo oposto, não se submete à nenhuma transformação (e os motivos são divesos) e mesmo assim se vêem não incluídos no sexo que foi determinado pelo seu órgão genital.
A partir deste e de outros tantos diversos pontos, a classificação biológica em separado de outras visões sobre o corpo acaba sendo infundada.
Daí pra entrar na questão comportamental do sexo, a coisa fica mais explícita. Temos quase de forma ditatorial uma imposição de comportamentos diferentes para homens e mulheres.
Homens, por exemplo, quando nascem recebem tudo azul, ganham brinquedos como carrinhos e bonecos de luta, jogam jogos violentos, sua brincadeiras tem maior risco. Eles também não podem chorar, tem o cabelo curto, usam roupas largas.
Já as mulheres tem o quarto cor-de-rosa, brincam de barbies (que na maioria das vezes ditam um padrão de beleza a ser seguido) suas brincadeiras são uma preparação pra quando forem dona-de-casa (cozinha, louça, vassouras, etc) tem maior liberdade para chorar e demonstrar sentimentos (pois é o sexo frágil, não é mesmo?) usam roupas coloridas, mais justas, tem cabelo grande, etc.
Dessa forma, já desde o nascimento os meninos e meninas aprendem a se comportar de maneiras extintas, dicotômicas, ignorando-se o livre arbítrio de ser ou fazer o que for do seu comportamento, de sua vontade.
Da mesma forma, ignoramos os riscos desses padrões de comportamentos, onde prevale um preconceito gigantesco (que homem de cabelo grande nunca foi chamado de "menininha" [como se ser mulher fosse uma ofensa] da mesma forma quando demonstra uma maior sensibilidade pra demonstrar sentimentos. O mesmo ocorre com as mulheres que são menos sensíveis, possuem um visual não-feminino, etc.)
Os exemplos são variados, mas nota-se que essa imposição na maioria dos casos é uma abertura à várias formas de opressão, desrespeito e até mesmo violências (físicas ou verbais) principalmente por partes dos mais conservadores.
É importante refletir sobre este tema, pois todos nós (ou a maioria) fomos criados desta forma e temos introjetado esse tipo de percepção dicotômica que cabe a nós quebrar. Não estou aqui defendendo que temos que negar o nosso gênero, mas que temos que ser aquilo que nos deixa confortáveis e bem diante de nós mesmos, e sempre com uma dose de respeito àquele que subversivamente ignora essa imposição comportamental.
Vejo nessa questão um passo inicial à negação de um comportamento machista, patriarcal e violento. E porque não, uma passo à libertação do próprio ser enquanto ser, e não enquanto homens e mulheres socialmente / religiosamente / culturalmente pré destinado a ser quem é.

10 comentários:

  1. eu penso que tem homens com temperamento "feminino" e mulheres com temperamento "masculino"... acredito que essas pessoas de certa forma são as mais "confusas" porém as que acabam encontrando maior equilíbrio pelos preconceitos e tropeços que enfrentam por serem quem são... ( isso nas que persistem )... já os clássicos homens com temperamento "masculino" e mulheres com temperamento "feminino" facilmente rotulados por seus gostos estarem perfeitamente de acordo com o que vc disse de "pré-estabelicido" na infância.. uma mulher com temperamento masculino sempre irá se rebelar a trilha do "tudo rosa, boneca etc etc" e seguirá tendo mais amigos que amigas desde idade tenra.. ou ficando isolada e talz pela rédia curta de seus pais... tem um livro que fala disso em termos de homem com polo negativo ou positivo.. tendo conhecimento do tema.. alguns homens ou mulheres que não se encaixam nos padrões pré-estabelecidos.. nem mesmo sairiam com pessoas do mesmo sexo... (embora eu não tenha nada contra) é apenas uma confusão e falta de informação sobre questões basicas da vida humana o/ da muito pano pra manga esse tema... um homem com temperamento feminino e uma mulher com temperamento masculino se dão tão bem quanto se estivessem saindo com alguem do mesmo sexo.. ( claro que não é regra, existem muitos outros fatores ) além de uma compreensão mais ampla dos pensamentos um do outro... tendo as vantagens do sexo classico intactas.. essas pessoas são mais "completas" ao meu ver.. embora possa render pirações terriveis por anos... as vezes a garota se acha "masculina" e sai com mulheres e tem uma desilusão tensa.. pensa tipo "o que eu vou fazer se nem aqui as coisas fazem sentido?!?" vide amigas minhas... bom eu penso por aí :) o/

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Acho que a questão do comportamento feminino e masculino não quer dizer necessariamente sexualidade, ou orientação sexual. Veja, da mesma forma que existem homens "masculinos" que gostam de mulheres, há os homens "masculinos" que gostam de homens, da mesma forma homens "femininos" que gostam de mulheres e homens "femininos" que gostam de homens. O mesmo para a mulher. Essa questão da sexualidade, acho que é uma outraaa questão, posso falar sobre isso... O que bato de frente é a imposição de comportamentos. Quem disse que homem tem que ser assim? Quem disse que mulher tem que ser assim? Isso abre margem pra aceitação (ou a falta dela) perante a sociedade/família/igreja... Não sei também (mas creio que não) se esse comportamento múltiplo interfere na questão da compreensão do outro, pois cada pessoa é um ser diferente do outro. Homens não são todos iguais, então não da pra simplesmente jogá-los num mesmo plano, como se os pensamentos de todos fossem os mesmos.
    Outra coisa: pra mim, particularmente, que questiono muito esses padrões, não consigo usar o "masculino" e "feminino" normalmente, pra mim são palavras inventadas e que devem ser urgentemente destruídas. Um dia o rock foi coisa de homem... Um dia escrever foi coisa de homem. Um dia pensar foi coisa de homem. Hoje essas idéias aos poucos vão sendo desconstruídas.

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  4. "compactibilidade entre mentes parecidas e formas de se expressar..." usei o termo feminino e masculino pq faltou criatividade.. mas penso q é besteira mesmo.. vc tem razão \o/ esses termos já morreram.. só falta enterrar e inventar algum outro que represente melhor a coisa... esses termos caminham como zumbis hoje em dia... \o\ /o/ restringir / proibir / impor.. pra mim nunca são coisas boas e inteligentes.. só informações e alternativas são... somos diferentes porém temos muitas coisas simples em comum.. tipo "necessidades humanas básicas" que se não atendidas.. fazem com que não consigamos dar o melhor de nós nunca... falo de seres humanos num geral.. mas vale aquela "o que eu como a prato pleno bem pode ser o seu veneno" válido e óbvio.. mas temos centenas de coisas em comuns... como diz o carl sagan se um alienigena viesse a terra todas as nossas diferenças pra ele seriam triviais em comparação as nossas coisas em comum :D

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  5. Uma obra excelente para o entendimento dessa questão tanto por vias biologica, quanto culturais, é O Segundo Sexo de Simone De Beouvair.

    As diferenças de gênero são apenas diferenças CULTURAIS de gênero nada mais. Me assusta o fato do homossexualismo ter se tornado fator discutivel (se é que o é) só agora, se apaixonar/amar, deveria transcender algo tão mutável e frágil como o é o corpo humano, ñ deveríamos nos apaixonar por gêneros mas sim por pessoas.

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    1. Não conheço o livro mas concordo com sua idéia Lu \o/ livro anotado.. acho que vc já tinha me falado um tempo atrás... enfim.. boa!

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    2. Dú, tenho os dois volumes deste livro. Se quiser é só pedir.
      Como bem diz a Simone neste livro, "Não se nasce mulher, torna-se". Isso é bem o que a Luanda disse, fatores culturais que estabelecem uma conduta comportamental (essa frase se aplica ao homem tbm, pq não?!).
      E Luanda, essa sua frase final merece um crtl c ctrl v: ñ deveríamos nos apaixonar por gêneros mas sim por pessoas.

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    3. Ah, outra coisa. Homossexualismo é sinônimo de homossexualidade como patologia. Não gosto deste conceito, por isso prefiro usar homossexualidade ou homoafetividade.

      Luanda, vc poderia só me tirar uma dúvida qdo diz "As diferenças de gênero são apenas diferenças CULTURAIS de gênero nada mais."
      Você acha que outros fatores, como religião, por exemplo, não contribuem para a diferença de gênero??

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    4. Barata, não sei se entendi direito sua pergunta, mas vou tentar respondê-la:
      Eu não separo religiosa de cultural, o cristianismo, tomemos ele como exemplo, cresceu e se fortificou quando houve a necessidade de que isso ocorresse, ele apenas correspondeu a uma necessidade da classe dominante, uma maneira de dobrar o povo de forma branda (através de sua - do povo - "própria vontade"), por isso o cristianismo teve tantas modificações/adaptações e ainda têm até hoje.
      Então, na minha maneira de pensar, a religião é apenas mais uma instituição que se curva perante a necessidade da classe dominante, ou seja, ela apenas repassa a seus fiés aquilo que é mandado repassar.

      Não sei se consegui responder hehehe.

      E quanto ao termo homossexualismo, anotado e excluido do vocabulário, agora tomarei mais cuidado e usarei o termo homoafetividade, obrigada pelo toque ;)

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  6. Conseguiu sim... captei o que vc quis dizer agora =)

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